Nesta semana, o Governo Federal publicou a decisão que encerra a cobrança tarifária do leite em pó oriundo da Europa e Nova Zelândia que chega ao Brasil. A medida antidumping pretendia proteger o mercado interno e evitar que produtores brasileiros fossem prejudicados com o aumento da oferta de leite europeu e neozelandês.
Agora, agricultores se dizem preocupados com o fim da taxa de importação. “É algo que assusta e certamente vamos sentir o baque, pois o reflexo disso virá. O que mais preocupa é se essa abertura durar mais de seis meses, o que vai comprometer muito os preços e as condições dos produtores”, avalia o pecuarista Maciel Comunello, de Francisco Beltrão. As alíquotas eram de 14,8% para o leite importado da UE e 3,9% para o da Nova Zelândia.
Melhor estudo
O presidente da Rural Leite Sudoeste, Marcos Rovani, explica que o fim da barreira comercial vinha sendo postergado com a renovação da medida que taxava o leite em pó e agora a categoria espera uma decisão melhor estudada pelo governo. “Essa é uma questão que vinha se arrastando, mas as entidades agropecuárias estão articulando novas medidas para evitar que o mercado do leite fique saturado. Esperamos algo melhor do governo para fortalecer a produção”, analisa. A tarifa foi implantada em 2001.
Uma das principais preocupações da Rural Leite é o impacto que uma eventual queda nos preços cause à cadeia produtiva. Segundo Rovani, nos últimos anos, muitos produtores abandonaram a atividade devido à instabilidade nos preços e agora as baixas devem ser mais significativas porque a pecuária leiteira está mais concentrada.
A região Sudoeste é a maior bacia leiteira do Paraná, com uma produção anual superior a 1,2 bilhão de litros, e milhares de produtores e trabalhadores são ligados à atividade. E o município de Francisco Beltrão é o maior produtor de leite, com mais de 80 milhões de litros/ano.